sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A loucura interrompida nas malhas da subjetividade

O autor vai abordar questões referentes ao processo de reforma psiquiátrica em curso no país no que diz respeito à transformação das estruturas asilares e das práticas de cuidados para com a loucura.

A partir de uma discussão de loucura e subjetividade numa perspectiva ético-estética-política vai levantar questões contextuais sobre mudanças de funções sociais, tais como as de hospitais ao longo dos anos, que num primeiro momento eram instituições de caridade e que aos poucos se tornaram uma “terceira ordem de repressão” onde todos aqueles que não eram aceitos socialmente dentro de um determinado padrão moral ou que causavam algum perigo eram internados, isolados. Buscava-se com este confinamento produzir um sujeito dócil politicamente com forças econômicas, afetivas e morais que se agregassem ao capital (Rosa, 1997).

Através do trabalho de Pinel a Psiquiatria nasce como reforma, seguindo os ideais de libertação e modernização da Revolução Francesa e acompanhando o surgimento da declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Desta forma, a psiquiatria pineliana vai trabalhar com a idéia de um tratamento moral calcado na crença do estabelecimento da cura mental. A experiência da loucura passa a ser encoberta pelo discurso psiquiátrico anátomo-patológico, ao invés de ser mais revelada, ou melhor, conhecida. Trata-se apenas de um significado: doença mental, não se levando em conta o sujeito e suas especificidades.

O dispositivo manicomial oferece referências identitárias que se apresentam como limitadas, homogêneas, patologizadas, produtoras da alienação.

Após o período das guerras mundiais os Estados modernos tomaram a responsabilidade de intervir nos problemas sociais e reconstruir o que havia sido devastado. Em alguns países a desinstitucionalização transfigurou-se em uma desospitalização intervindo no ideal psiquiátrico de uma superação gradativa do manicômio.

É nesta época também que vai ocorrer o refinamento na produção de psicofármacos (a partir da década de 1950), permitindo assim novas formas de tratamento sem a necessidade de enclausuramento manicomial. Pode-se acrescentar a isto a criação de ambulatórios e outras estratégias assistenciais que materializam a possibilidade de gerir a terapêutica sem necessariamente ocorrer nos manicômios.

Deste processo pode-se agrupar os serviços especializados em três tipos: o modelo médico (administração de psicofármacos), modelo de auxílio social (busca agir sobre as condições materiais das pessoas) e o de escuta terapêutica (psicoterapia).

Em se tratando do Brasil, temos fortes entraves para o processo de desinstitucionalização, onde se observa uma ênfase desproporcional no financiamento público das ações de hospitais psiquiátricos, enquanto os serviços de atenção diária, substitutivos ou outros dispositivos extra-hospitalares apenas dispõe de cerca de 10% desse montante, além da falta de recursos humanos e a não redução da ocupação de leitos em hospitais psiquiátricos.
O autor procede sua investigação sob um prisma em que a Reforma Psiquiátrica não se restringe à humanização das relações com os portadores de sofrimento mental ou modernização tecnocientífica dos serviços, mas diz respeito à construção de um novo lugar social para a loucura, novas formas de lidar com a diferença.

A contemporaneidade aciona um complexo agenciamento “capitalístico” que atua pelo empobrecimento do nosso repertório subjetivo (economia do desejo) na media em que expiamos a loucura para os doentes mentais. Pelbart argumenta que o louco, enquanto um personagem social produzido pelo saber médico e psicológico do séc. XVII, recebeu o encargo simbólico de corporificar a loucura (1990). Apesar das significativas transformações quanto ao trato com a loucura, o autor chama atenção para uma dimensão que paralelamente obstrui novos avanços, o que se trataria dos nossos “desejos de manicômio” (Machado e Lavrador, 2001).

Ainda nos dias de hoje a loucura tem sido potencializada como diferença, identificada como erro e descontrole sem se considerar o sofrimento concreto destas pessoas, imaginando-se desnecessário algum tipo de atenção.

Existem diversos desafios da gestão de uma rede de atenção em saúde mental (SM) para o cuidar em liberdade, entre eles investimentos insuficientes, aumento da demanda, diminuição ainda tímida dos gastos com internação psiquiátrica, poucos serviços substitutivos e um imaginário social calcado no preconceito/rejeição em relação à loucura.

Também são diversos os avanços da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Na discussão do campo, a trajetória recente desta reforma pode ser definida e conduzida pela noção de cidadania, no momento em que há o reclame da cidadania do louco, o movimento desdobrou-se em um amplo e diversificado escopo de práticas e saberes (Tenório, 2002: 30).

A autonomia também é um lugar de destaque neste movimento e freqüentemente é considerada o que de mais importante o processo de tratamento tem a produzir. É uma representação imediata da liberdade humana. É um valor que qualifica e caracteriza o humano e afirma o indivíduo como um princípio (Leal, 2001).

O autor vai dizer que se trata de uma luta pela emancipação, não meramente política, mas antes de tudo uma emancipação pessoal, social, cultural que permita, entre outras coisas, o não-enclausuramento de tantas formas de existência banidas do convívio social.

São levantadas também questões referentes às instituições de cuidados em saúde mental, que seriam um deslocamento do modelo assistencial do manicômio para o território. e vai dizer que tais serviços se constroem a partir da noção de que o cuidado nesta área requer uma ampliação “no sentido de ser também uma sustentação cotidiana da lida diária do paciente, inclusive nas suas relações sociais” (Tenório, 2002: 31-32). “Consistem em uma ampliação tanto da intensidade dos cuidados quanto de sua diversidade, ou seja, condições inexistentes nos ambulatórios e hospitais psiquiátricos” (Goldberg, 1994).

È importante que estes serviços “engajem tanto os níveis mais singulares da pessoa quanto os níveis mais coletivos” (Costa-Rosa, Luzio e Yasui, 2003).

As cidades são pensadas como imensas máquinas produtoras de subjetividade por meio de equipamentos materiais e imateriais.

Temos que considerar que as novas modalidades terapêuticas não garantem, por si mesmas, a superação do desejo que carregamos de exclusão e de exploração (desejo de manicômios).

Se faz necessário um trabalho de desmistificação da loucura e de preparação dos agentes cuidadores e da sociedade como um todo para que seja possível a promoção de autonomia, inclusão social e aceitação no convívio social das pessoas portadoras de sofrimento mental.

Desinstitucionalizar não tem fim, não tem modelo ideal, precisa ser inventado incessantemente. Trata-se de um exercício cotidiano de reflexão e crítica sobre os valores estabelecidos como naturais ou verdadeiros, que diminuem a vida e reproduzem a sociedade excludente na qual estamos inseridos. Trata-se de um outro modo de estar na vida e, como tal, de produzir práticas em saúde.

É preciso construir a nós mesmos como sujeitos éticos: ampliar o exercício da invenção, da inconformação, da transformação, da transformação, de ativação de coeficientes de resistências. É não só criar equipamentos, equipes e serviços, mas desenvolver outras práticas culturais, outras formas de sentir, de viver, de amar, onde a loucura deixe de ser exterior a nós e possa ser sentida como própria à vida.


O artigo trata de questões culturais, estruturais, formas de pensamento e visões enraizadas quanto à loucura e as formas de cuidado em saúde mental. É importante que o interessando em atuar nesta área conheça a história da loucura e os movimentos da reforma psiquiátrica. É importante que leve em consideração o sujeito portador do sofrimento mental, suas questões, aflições e dificuldade. È possível encontrar formas de interação e novas formas de inclusão, até que se consiga uma transformação na forma de se encarar a loucura. Talvez uma forma que não assuste tanto, que não a deixe tão exteriorizada.


Porque não construir uma teoria da subjetividade? (Suely Rolnik)
Um exemplo de cidades subjetivas são os CAPS.

(resumo de Adriana, Vitor,Joyce)

domingo, 7 de dezembro de 2008


AQUARELA ENVELHECIDA

Envelhecer é o único meio de viver muito tempo.
A idade madura é aquela na qual ainda se é jovem, porém com muito mais esforço.
O que mais me atormenta em relação às tolices de minha juventude, não é ter cometido e sim não poder voltar a comete-las.
Envelhecer é passar da paixão para a compaixão, muitas pessoas não chegam nos oitenta porque perdem muito tempo tentando ficar nos quarenta.
Aos vinte anos reina o desejo, aos trinta a razão, aos quarenta juízo.
O que não é belo aos vinte, forte aos trinta, rico aos quarenta, nem sábio aos cinqüenta, nunca será belo nem forte nem rico nem sábio.
Quando se passa do sessenta são poucas as coisas que nos parece absurdas.
Os jovens pensam que os velhos são bobos, os velhos sabem que os jovens o são.
A maturidade do homem é voltar a encontrar a serenidade como aquela que se usufruía quando se era menino.
Nada passa mais depressa que os anos
Quando era jovem dizia:
Veras quando tiver cinqüenta anos, tenho cinqüenta anos e não estou vendo nada.
Nos olhas dos jovens arde a chama, nos olhos dos velhos brilha a luz.
A iniciativa da juventude vale tanto quanto a experiência dos velhos.
Sempre há um menino em todos os homens
A cada idade lhe cai bem, uma conduta diferente.
Os jovens andam em grupos
Os adultos em pares
E os velhos andam sozinhos
Feliz é quem foi jovem em sua juventude, e feliz é quem foi sábio em sua velhice.
Todos desejamos chegar a velhice e todos negamos que tenhamos chegado.
Não entendo isso dos anos. Que, todavia é bom vive-lo, não tê-lo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008




CERTIFICADO DA AMIZADE

Se eu pudesse agarrar um arco-íris
Eu o pegaria só para você
E compartilharia com você a sua beleza
Nos dias em que você se sentisse triste
Se eu pudesse construir uma montanha
Você poderia chamá-la de só sua
Um lugar para encontrar serenidade
Um lugar para estar sozinho
Se eu pudesse pegar seus problemas
Eu os jogaria no mar
Mas todas estas coisas em que eu estou pensando
São impossíveis para mim
Eu não posso construir uma montanha
Ou pegar um belo arco-íris
Mas deixe-me ser o que eu sei de melhor
Um amigo que está sempre por perto

Autor desconhecido

mesmo os que não puderam estar presente...
acreditem voces estavam em meus pensamentos